Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso

Festival Instrumental Portugal transformou a Póvoa de Lanhoso no epicentro da música instrumental
publicado a 14 de julho de 2025

De 3 a 6 de julho, a Póvoa de Lanhoso acolheu a primeira edição do Festival Instrumental Portugal, uma iniciativa promovida pelo Município da Póvoa de Lanhoso em parceria com a Portugal Music 360, inteiramente dedicada à valorização da música instrumental feita no nosso país. Durante quatro dias, o Festival ofereceu concertos gratuitos, conferências, momentos comunitários e ações de valorização do património, afirmando-se como um evento agregador, que cruzou tradição, inovação e inclusão social.

Música que une gerações e expressões
A programação decorreu em espaços emblemáticos do concelho — Theatro Club, Praça Eng. Armando Rodrigues, Centro Interpretativo Maria da Fonte e Largo António Lopes —, acolhendo propostas artísticas de músicos consagrados, artistas emergentes e projetos de participação comunitária.
A abertura oficial aconteceu a 3 de julho com o projeto Instrumentos da Terra, liderado por Mário Gonçalves, um trabalho artístico-comunitário centrado nas percussões tradicionais portuguesas, com foco na inclusão social. A mesma noite contou com o guitarrista Manuel de Oliveira no Theatro Club. Na sexta-feira, 4 de julho, o palco recebeu o acordeonista João Frade e o violinista João Silva, num concerto que contou ainda com a participação especial do concertinista da Póvoa de Lanhoso, Fininho, do Rancho Folclórico Maria da Fonte de Fontarcada. Seguiu-se o espetáculo do guitarrista Tó Trips, com a participação do projeto Instrumentos da Terra. Sábado, 5 de julho, começou com a estreia do espetáculo “Vapor” da violoncelista Sandra Martins, acompanhada por O Barqueiro de Oz. A noite encerrou com o concerto de Marta Pereira da Costa, um dos grandes nomes da guitarra portuguesa na atualidade, que contou com participações especiais de Daniel Pereira Cristo e uma intervenção comunitária do Grupo de Cavaquinhos da Universidade Sénior de Rotary da Póvoa de Lanhoso, num momento de partilha intergeracional, que reforçou a missão inclusiva do Festival.

Jam sessions e convívio
A Galeria Jam foi o espaço de encontro e improviso do Festival, promovendo o convívio entre artistas e público. Teve como banda residente o Trio Suit(e), com Simão Duque no trompete, José João Viana na guitarra e Gonçalo Cravinho no baixo, e contou ainda com a participação do DJ Chaar Lee. O encerramento, no domingo, 6 de julho, teve lugar no Palco Comunitário, com um espetáculo final do projeto Instrumentos da Terra, que envolveu ativamente a população local.

Envolvimento comunitário
A dimensão comunitária foi uma das marcas do festival, que contou com a participação ativa de associações culturais e grupos locais, nomeadamente o Rancho Folclórico da Póvoa de Lanhoso, o Rancho Folclórico Maria da Fonte de Fontarcada, o Rancho Folclórico de Garfe, a Banda Musical de Calvos, a Fanfarra do Grupo de Escuteiros de S. João de Rei, o Grupo “Encontro de Concertinas da Póvoa de Lanhoso” e o Grupo de Cavaquinhos da Universidade Sénior de Rotary da Póvoa de Lanhoso.

“Falar Instrumental”: pensar o presente e o futuro
O ciclo de conferências “Falar Instrumental” decorreu em paralelo com a programação musical, promovendo a reflexão sobre os desafios, fragilidades e oportunidades da música instrumental em Portugal. A mesa-redonda “Instrumental Portugal: Desafios, Oportunidades e Futuro” contou com a participação de Fátima Moreira, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso; Manuel de Oliveira, guitarrista, compositor e diretor da Portugal Music 360; Marta Pereira da Costa, guitarrista; e Colin Giroud, músico e agente cultural francês. Outros temas abordados incluíram o Marketing Digital com recurso a Inteligência Artificial, numa conferência conduzida por Sérgio Silva (AMAEI – Associação de Músicos, Artistas e Editoras Independentes), e o Financiamento Europeu para a Música, apresentado por Sara Machado, da Ponto de Contacto Europa Criativa – Cultura. As conferências evidenciaram a necessidade de criar canais de circulação e difusão da música instrumental, tendo o Festival Instrumental Portugal surgido como uma possível plataforma de encontro e desenvolvimento deste setor.

Identidade e património: a filigrana em destaque
O Festival incluiu ainda momentos de valorização da filigrana, elemento identitário do concelho, atualmente em candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Estiveram presentes as ourivesarias Oficina do Ouro, Inês Barbosa, Filgold e Símbolo Prateado, celebrando esta arte ancestral da região.

Um festival com futuro
“A primeira edição deste Festival, na Póvoa de Lanhoso, representa uma oportunidade valiosa para a valorização da música instrumental em Portugal. Este género musical desempenha um papel fundamental na preservação e desenvolvimento da nossa identidade cultural. Espaços como este são determinantes para resgatar a música instrumental de um lugar muitas vezes menosprezado pelos programadores culturais e canais de difusão, oferecendo ao público a possibilidade de se reencontrar com sonoridades que falam das suas raízes mais profundas. Este festival promove ainda um diálogo contemporâneo entre a música tradicional e a enorme diversidade de culturas que constituem o nosso ADN. É também uma oportunidade para demonstrar que a música instrumental não é elitista. Muito pelo contrário: o projeto Instrumentos da Terra provou como é possível — e natural — o diálogo entre o popular e o erudito, revelando-se uma experiência profundamente enriquecedora para todos os envolvidos. Um agradecimento especial a todos os que contribuíram para este pontapé de saída: comunidade, artistas e entidades locais. Que este seja o início de um caminho duradouro, feito de escuta, partilha e identidade.” — Manuel de Oliveira, Diretor Artístico do Festival Instrumental Portugal.
“O primeiro Festival Instrumental Portugal demonstrou que a cultura é um motor poderoso de encontro, criatividade e desenvolvimento local. Foi com enorme orgulho que vimos a Galeria Jam, o Theatro Club e a Praça Eng. Armando Rodrigues ganharem nova vida, enchendo-se de música, talento e partilha comunitária. Este Festival reforça o papel central que a música instrumental pode ter na construção de comunidades mais coesas, abertas e culturalmente vibrantes. Estamos totalmente comprometidos com a continuidade deste projeto, que tem tudo para crescer e afirmar-se como uma referência nacional e internacional. Agradecemos a todos os que contribuíram para o sucesso desta edição — músicos, equipas técnicas, parceiros e, em especial, o público, que respondeu com entusiasmo a esta grande celebração da música instrumental” — Fátima Moreira, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso.