No culminar de um processo conduzido pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e pela Confraria de Nossa Senhora de Porto D’Ave, o Santuário de Nossa Senhora de Porto d’Ave, em Taíde, já foi classificado como conjunto de interesse público. Esta classificação resulta de uma portaria do ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, publicada em Diário da República, no dia de hoje, 2 de outubro de 2018.
“O Santuário de Nossa Senhora de Porto D’Ave é uma referência do nosso concelho e a sua classificação é um contributo fundamental para a valorização do património da Póvoa de Lanhoso. Esta classificação era uma ambição antiga que todos desejávamos. Não posso deixar de felicitar a Confraria, na pessoa do seu Juiz, Vítor Macedo, porque é a principal responsável por esta classificação. A autarquia fez o seu papel, de colaborar e incentivar a que este património fosse reconhecido. Tal como fizemos com a certificação da filigrana, temos de saber valorizar e alavancar o excelente património material e imaterial que o nosso concelho possui. É um dia muito importante para a Póvoa de Lanhoso, para a sua cultura e para o seu património”, refere o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, Avelino Silva.
Segundo a referida portaria, trata-se de um “bom exemplo da arquitetura religiosa e das formas de devoção locais, cuja romaria anual ainda hoje atrai grande número de assistentes, conjugando celebrações sagradas e manifestações profanas”. “A planimetria do recinto, de evidente gosto barroco e modelo típico da época, aproxima-o dos característicos santuários erguidos na região de Braga pelo arquiteto André Soares, certamente inspiradores deste projeto mais modesto”, acrescenta o mesmo documento.
“Este conjunto de religião, arte, história e cultura é, com a Graça de Deus, Interesse Público, classificação que é o garante da sua proteção para que, no futuro, os nossos descendentes saibam quem somos, quem eles são e quem serão”, nota o Juiz da Confraria de Nossa Senhora de Porto D’Ave. Considera Vítor Macedo que, “todo este Santuário é digno de ser visitado, admirado e valorizado, pois a sua história é também a história de todos nós, este grande monumento é partes da raiz das nossas raízes... O seu Museu de Arte Sacra é prova do seu grande valor, detém a maior coleção de ex-votos da Península Ibérica e ali consta também a prova de que a Romaria em Honra da Nossa Senhora do Porto de Ave tem, no mínimo, 283 anos”, revela.
O Santuário de Nossa Senhora de Porto d’Ave, erguido numa das margens do rio Ave, recebe a conhecida romaria “dos bifes e dos melões”, que se realiza sempre no primeiro domingo de setembro. De referir que também está decorrer o processo tendente à classificação da romaria como Património Cultural Imaterial.
O conjunto religioso do Santuário integra a igreja (onde se localiza o Museu de Arte Sacra), um escadório e oito capelas com esculturas de vulto, que representam cenas da Vida da Virgem e da Infância de Jesus, mediadas por patamares arborizados, jardins, lagos e fontes.
Engloba ainda edifícios de apoio aos peregrinos, incluindo o edifício do recolhimento feminino, a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte e os edifícios oitocentistas dos quartéis, originalmente destinados a alojamento de romeiros e do corpo da guarda da romaria.
O santuário foi constituído, originalmente, por um pequeno oratório de madeira, para acolher uma imagem de Nossa Senhora do Rosário. A fama de “milagreira” espalhou-se, começando a atrair cada vez mais devotos, pelo que, o oratório foi integrado numa capela de pedra, terminada em 1734. Por carta régia de 14 de abril de 1874 o local foi elevado à categoria de Santuário Real.